Na minha pesquisa cronológica do nosso grande Mané, encontrei m ais uma história. Leiam e se deliciem:
HERÓI POR UM JOGO
O Botafogo voltou à Colômbia para mais um amistoso contra o time do Milionarios. Seria a segunda vez que enfrentaria o adversário, apenas um ano depois. Na primeira, um empate em 1 a 1.
No ano anterior, o estádio estava lotado. Os colombianos se mostravam ansiosos para ver craques como Nílton Santos, Pampolini, Adalberto, mas estavam lá, principalmente, para ver o astro da companhia: Mané Garrincha, o artífice de um bicampeonato mundial.
O lateral do Millionarios era um tal de Gallego, baixinho atarracado. Marcador implacável, ele teve, pela primeira vez, o privilégio (e desconforto) de enfrentar o maior ponta-direita de todos os tempos.
No entanto, Mané não esteve bem, parecia cansado da viagem. Segundo o amigo Pampolini, ele não dormira bem e por isso seu rendimento fora abaixo do normal. Mas Gallego esteve inspiradíssimo. Não deixou Mané pegar na bola. Com isso, tornou-se o grande nome do jogo. Afinal, parou nada mais nada menos do que o Gênio das Pernas Tortas, considerado no mundo um jogador imarcável, até então.
Depois do jogo, os jornais locais, além das revistas e dos programas esportivos só falavam em Gallego. Frases como “Mané Garrincha foi desmitificado, parado, devidamente engolido pelo nosso grande Gallego”; “Onde está o Gênio das Pernas Tortas, ele veio jogar?’; “Gallego pára o bicampeão do mundo”; “Querem parar Garrincha? Chamem Gallego”!
Faltava pouco para o segundo amistoso e novamente Garrincha e Gallego estariam frente a frente. Para promover a partida, a imprensa lembrou o jogo anterior, fez várias reportagens com Gallego e nenhuma com Mané. Diziam, nas resenhas esportivas, que Mané não queria jogar para não ter de passar por outro vexame.
O lateral tornou-se a principal atração da partida. Durante a semana do jogo, foi a programas esportivos. Num deles, ensinou aos laterais a forma de marcar Garrincha.
No dia da partida, um jornal esportivo estampou em primeira página fotos de Mané e Gallego. Só que a foto do lateral-esquerdo colombiano tomava meia página e a de Mané, apenas uma pequena parte do jornal, com o seguinte título: “Hoje é dia de Gallego.”
Os times entraram em campo, fotos e microfones sobre o saltitante e sorridente lateral. Adalberto lembrou uma pergunta de um repórter:
“Você vai dar sua camisa para Garrincha, Gallego?’
A resposta do baixinho: “Se ele não rasgá-la, posso presenteá-lo para que não se esqueça de mim.”
A partida começou pontualmente às 16h. Com 15 minutos de jogo, Gallego já estava humilhado, driblado várias vezes. Num dos dribles, caíra sobre um repórter na linha de fundo. Garrincha parou, ficou esperando ele voltar. Ele voltou, Mané gingou uma vez, gingou novamente e jogou a bola por entre as pernas do pobre lateral, que desabou no gramado e não se levantou mais.
Esse era o nosso Mané…
Saudações Alvinegras!!